Não só os 22 jogadores de Barcelona e Real Madrid
entram em campo nesta quarta-feira, às 16h30, em Valência, no Estádio
Mestalla, para disputar a final da Copa do Rei da Espanha. A terceira
edição do superclássico na temporada levará ao gramado elementos que
poderão ter forte influência no resultado final.Do lado do Barcelona, cada um dos 11 titulares atuará com a pressão da
obrigação. Depois da eliminação na Liga dos Campeões para o Atlético de
Madrid e a queda para a terceira posição no Campeonato Espanhol, o
torneio nacional se tornou a principal opção para levantar um troféu de
maior peso na temporada – o time ganhou a Supercopa da Espanha no início
da temporada, com dois empates diante dos colchoneros.
O Real ainda tem uma temporada em aberto, mas leva uma tonelada de
dúvidas para o campo. A final desta quarta pode começar a dar as
repostas para as perguntas que seus torcedores têm feito durante uma
temporada quase impecável até aqui – não fossem algumas baixas, como as
duas derrotas para o Barcelona, nos jogos de turno e returno do
Espanhol. Na segunda posição do campeonato nacional e na semifinal da
Liga dos Campeões, os madrilenhos têm a chance de terminar o ano
enchendo mais a sala de troféus do Bernabéu, numa temporada em que podem
terminar até com a tríplice coroa. Ou de mãos vazias, já que estão
atrás do Atlético de Madrid na Liga e enfrentam o atual campeão Bayern
na Champions.
A única certeza no Real Madrid, e aquela que não
queria ter o técnico Carlo Ancelotti, é a ausência de Cristiano
Ronaldo, que ainda se recupera de lesões musculares. O que gera mais uma
dúvida. Será que o time merengue conseguirá se virar sem seu principal
jogador numa partida decisiva? No último jogo eliminatório disputado sem
o português, contra o Borussia Dortmund, pelas quartas de final da Liga
dos Campeõs, o Real levou um susto ao ser derrotado por 2 a 0 e quase
perder a vaga nas semifinais depois de ganhar tranquilamente em casa por
3 a 0. Naquela noite, lesionado, o melhor do mundo liderou o time do
banco de reservas. Desta vez, nem isso. O atacante não está na lista de
relacionados para a partida e se concentrará na recuperação para tentar
encarar o Bayern de Munique na próxima semana.Em seu momento mais difícil em anos, e com o técnico Tata Martino como
principal alvo de desconfiança e críticas da torcida e da imprensa
catalã, o Barcelona se apoia no que fez de melhor nesta temporada para
levar o título: as duas vitórias contra o Real no Campeonato Espanhol.
No jogo de ida, ganhou no Camp Nou por 2 a 1, com o primeiro gol de Neymar
no superclássico. Depois, na volta, as duas equipes protagonizaram um
dos confrontos mais empolgantes do ano. Então líder, o time da capital
podia praticamente "matar" seu rival, no Santiago Bernabéu. Mas Messi,
em sua última atuação brilhante, fez três gols na virada que terminou
em 4 a 3 e jogou o anfitrião para a segunda posição. Parecia ali a
mudança de jogo dos culés, que na rodada seguinte ultrapassaram os
merengues na classificação. Não adiantou muito. Depois da derrota para o
Granada por 1 a 0 no último sábado, o Barça voltou para a terceira
posição. Ainda assim, o desempenho nos dois duelos é considerado um bom
motivo para crer num novo triunfo.
No treinamento da véspera da final, o Barcelona tentou aliviar a
pressão com músicas de torcidas da Argentina, trazidas pelo técnico Tata
Martino, e uma descontraída partida de rúgbi, liderada por Neymar.
O único a treinar separado foi Puyol. Caso o zagueiro se recupere a
tempo, pode ser titular contra o Real. Como Bartra, que vinha atuando na
posição, também é dúvida, Martino pode ter de recorrer ao volante Song
para jogar na defesa, e o time ficaria assim: Pinto, Jordi Alba, Song
(Bartra ou Puyol), Mascherano e Dani Alves; Busquets, Xavi e Iniesta;
Fabregas, Neymar e Messi.
Sem Cristiano Ronaldo, o Real deve
contar com Isco entre os titulares. O espanhol foi um dos poucos
elogiados após a derrota para o Borussia no jogo de volta das quartas da
Liga dos Campeões. Mas a principal aposta do técnico italiano Carlo
Ancelotti para a final é mesmo Bale. O galês já mostrou seu poder de
decisão ao balançar a rede em sete jogos que CR7 não pôde atuar na
temporada. Soma 18 gols e seis assistências desde que chegou a Madri,
mas ainda não marcou na Copa do Rei. Casillas, Carvajal, Sérgio Ramos,
Pepe e Coentrão; Xabi Alonso, Modric, Isco (Illarramendi) e Dí Maria;
Bale e Benzema devem ser os 11 eleitos para entrar em campo.
Cristiano Ronaldo não estará no gramado para tentar repetir o feito
da última vez que os rivais se encontraram numa final de Copa do Rei.
Não faz muito tempo. Foi dele o gol da vitória, na prorrogação, quando
subiu mais que Daniel Alves e deu cabeçada indefensável para Pinto –
dois dos jogadores mais criticados na defesa do Barcelona e que estarão
em campo nesta final – para fazer 1 a 0, na decisão de 2011. Antes
disso, a última final entre as duas equipes havia sido em 1990, desta
vez com título do Barcelona, após vitória de 2 a 0.
Os números
das duas equipes na Copa do Rei contrastam com o atual momento que
vivem os clubes. E mostram a queda de rendimento do Barcelona durante a
temporada: a tabela do Campeonato Espanhol mostra um Real Madrid mais
efetivo, 94 contra 92 gols, e um Cristiano Ronaldo artilheiro, com dois a
mais que Messi. Mas a história na competição de mata-mata é diferente. O
Barça marcou 25 vezes e tem quatro jogadores entre os cinco maiores
goleadores do torneio. Quase o dobro do que os 13 feitos pelos
madrilenhos. Apenas Messi balançou as redes cinco vezes.
O argentino passou em branco nas duas últimas partidas do Barcelona. O
que chega a causar incômodo na mal acostumada torcida catalã, mas não
no técnico Tata Martino, que defendeu o atacante ao dizer que não tem
com o que se preocupar, pois "Messi joga duas vezes abaixo da média para
cada 20 acima".
Não foram tantas as vezes que os dois times
se encontraram em finais da Copa do Rei. Desde 1903, quando a competição
começou a ser disputada, com o nome de Copa Espanha, foram seis
encontros, com três títulos para cada lado. Este será um tira-teima
histórico, ainda que os merengues, com 18 títulos, precisem de muitos
títulos ainda para alcançar os 26 do Barça, maior vencedor da história
da Copa do Rei.
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