Após campanha modesta no Brasileiro-2012 (nono lugar) e vendo o
sucesso do Atlético (vice-campeão e pela primeira vez à sua frente nos
pontos corridos) a diretoria do Cruzeiro precisava fazer o time deixar
de ser coadjuvante, como ocorrera nos últimos tempos. Dois fatores
marcaram a virada.
O primeiro foi a chegada do técnico Marcelo
Oliveira. Assumiu um dia após o fim do Brasileirão, no lugar de Celso
Roth. O outro foi a injeção financeira com a venda de Montillo ao
Santos, em janeiro. Em relação ao treinador, tratava-se de aposta de
risco. Apesar do sucesso no Coritiba, Marcelo vinha de trabalho pífio no
Vasco. E o pior: sempre foi identificado com por seis vezes assumiu o
Galo. Visto com reserva pela torcida, anunciou que daria espaço aos
atletas da base e formaria um time de ponta.
O ótimo elenco de
2013 foi viabilizado pelo dinheiro de Montillo, R$ 30 milhões. Na mesma
semana na qual negociou o argentino, a diretoria contratou Éverton
Ribeiro, para assumir a função do gringo. Depois vieram Dagoberto, que
dispensa comentários, Ricardo Goulart, revelação do Goiás, e o
ex-santista Bruno Rodrigo.
Os três se somaram a um grupo que já contava com Nilton (ex-Vasco),
Diego Souza (sem clube) e Egídio (ex-Goiás), que acertaram em dezembro.
Os sete começaram a temporada como titulares. Marcelo Oliveira cumpriu a
promessa ao escalar os garotos Élber e Vinícius Araújo.
Nove caras novas (Fábio e Ceará como representantes da safra 2012). O
Cruzeiro mandou ver. De janeiro a maio venceu 16, empatou uma e só
perdeu na ida da final mineira para o Atlético-MG. Só que o insucesso
fez o time ficar com o vice estadual. Por isso, a diretoria tratou de
gastar boa grana na contratação do zagueiro Dedé (R$ 15 milhões) para
ajustar um ponto fraco na defesa e entrar na Série A como um dos
favoritos. Mas o time começou irregular: oito pontos em cinco jogos
antes da parada para a Copa das Confederações.
E Dagoberto, que
estava voando, se lesionou. Foi péssimo. Afinal, Borges, o outro
atacante de ponta, também se recuperava de lesão. Faltava algo. Marcelo
aproveitou as três semanas sem jogos no Brasileiro e os dois amistosos
nos Estados Unidos para analisar qual o elo que faltava. O elo veio com a
venda de Diego Souza. O Mettalist (UCR) procurou o Cruzeiro com a
seguinte proposta: R$ 10 milhões mais o empréstimo de um ano do meia
Willian. Proposta aceita.
Sem Diego Souza, Marcelo Oliveira
passou a jogar num 4-2-3-1, com Nilton e Lucas Silva (outra prata da
casa) como volantes, três meias ofensivos e um atacante enfiado. Uma
semana de- pois, na oitava rodada, no Morumbi, o Cruzeiro fez 3 a 0 no
São Paulo, gols do garoto Luan. Era prenúncio: qualquer cruzeirense sabe
que o Sampa é um velho algoz.
E no jogo seguinte o Cruzeiro fez 4
a 1 no Galo. Xeque-mate. O que era bom ficou melhor. Com o dinheiro de
Diego Souza, o Cruzeiro fechou com Julio Baptista. Ao mesmo tempo,
Willian encaixava como luva. Veio sequência recorde de vitórias, os
lesionados voltaram e, como o time estava tinindo, Dagoberto e Baptista
viraram opção no banco. Após a vitória sobre o vice-líder Botafogo por 3
a 0, o Cruzeiro abriu sete de frente e ninguém tinha dúvidas: o título
era questão de tempo.
O time chegou a ter uns tropeços. Nada
grave. E ontem, após o jogo com o Vitória, a vantagem para o vice-líder
tornou-se impossível de ser alcançada. Título conquistado com
antecedência de quatro rodadas. Fábio, Ceará, Bruno Rodrigo, Dedé e
Egídio; Nilton, Lucas Silva, Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart e Willian
(Dagoberto); Borges.
Mais as peças que entram e são decisi-
vas: Mayke, Dagoberto, Julio Baptista.
Uma Raposa com 14 titulares e vários
reservas de valor e todos na ponta da
língua. Parabéns pelo caneco.
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