Se sozinhos não conseguiam deter Alan Fonteles,
os americanos precisaram se unir. Depois de três medalhas de ouro no
Mundial Paralímpico de Atletismo de Lyon, o brasileiro encerrou o
revezamento 4x100m T42-46 com a prata, ao lado de Bruno Marins,
Yohansson do Nascimento e Emicarlo de Souza. Uma prova tão forte que os
Estados Unidos correram em 40s73, mais de um segundo abaixo do antigo
recorde mundial, 41s78, que a África do Sul de Oscar Pistorius havia
batido ano passado nas Paralimpíadas de Londres. Até a equipe brasileira
correu abaixo do antigo tempo, em 41s72.
Quando Alan fechou o revezamento, após ser encostado por Emicarlo –
quando atletas sem mãos competem não há bastão –, o Brasil estava atrás
da equipe americana. Ele conseguiu tirar um pouco da vantagem, mas
insuficiente para impedir que Richard Browne cruzasse a linha de chegada
na frente. Derrotado por 1 centésimo pelo britânico Jonnie Peacock nos
100m T44, Browne comemorou efusivamente, junto com Blake Leeper, prata
nos 200m e nos 400m T43 para Alan, Jerome Singleton e David Prince.
Em uma equipe que demonstra confiança entre si, Alan apontou o caminho para superar os Estados Unidos:
- A gente confia muito um no outro. Isso vale muito no revezamento. Sei
que fizeram o melhor hoje. Viemos em busca do ouro e do recorde
mundial, mas estamos levando uma prata. Mas o time dos Estados Unidos
veio muito bem. Já temos uma equipe muito forte e para ganhar deles
basta treinar. Nós acertamos os detalhes desde Londres e agora é ver o
que erramos.No meio dos tarimbados Emicarlo, Yohansson e Alan, o carioca Bruno
Marins, que abriu a prova, estava tímido ao falar com a imprensa. Ele
não é o mais novo do quarteto – tem 21 anos, um a mais do que Alan. Mas
está há apenas três meses na equipe brasileira, e em Lyon competiu pela
primeira vez fora do Brasil. E como mais novo, foi o alvo das
brincadeiras dos companheiros.
- Toda noite esses caras ligavam para o meu quarto e me falavam: “Vem
Bruno, vem aqui comer Nutella para você chegar bem!”. Agradeço a eles de
terem confiado em mim. Estou feliz pela medalha – disse Bruno.
Yohansson, o mais brincalhão, entregou o amigo e destacou a união da equipe:
- O Bruno fazia a dieta da Lua! Comia tudo, menos a Lua! Aqui não tem
essa questão de estrelismo. Não foi só o Alan que ganhou sozinho a
medalha, o Yohansson ou o Emicarlo. Aqui é só amigo e irmão.
No arremesso de peso, categoria F44 masculino, o Brasileiro Marco
Aurélio Lima acabou na oitava colocação, com 11.97. O ouro ficou com o
dinamarquês Jackie Christiansen. A prata foi do eslovaco Adrian Matusik e
o bronze do croata Josip Slivar. Já na final dos 100m rasos, na
categoria T46, a cubana Yunidis Castillo conquistou o ouro com 13s21. A
brasileira Terezinha Santos ficou em quarto, com 13s61. Outra brasileira
na prova, Sheila Finder foi a sexta, com 13s90.
No penúltimo dia de competições em Lyon, o Brasil está em segundo lugar
no quadro de medalhas, com 15 de ouro, 10 de prata e 13 de bronze, sete
ouros atrás da líder Rússia.
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