A história do esporte brasileiro ganhou um capítulo novo neste
domingo. Mais uma vez, os gols foram responsáveis por trazer alegria ao
povo. Desta vez, contudo, feitos com a mão. A Seleção Brasileira
feminina de handebol conseguiu uma incrível vitória sobre a Sérvia, na
decisão do Mundial Feminino, por 22-20 e faturou o caneco inédito para o
esporte nacional.
Diante de 19.500 barulhentos sérvios, as
brasileiras dirigidas pelo dinamarquês Morten Soubak tiraram força para
conseguir calar a Arena Belgrado. Triunfo que se deve, em muito, ao
nórdico que dirige o time desde julho de 2009.
Se
o povo brasileiro é conhecido por sua animação e por seu "calor
humano", Soubak trouxe à Seleção um viés nórdico que foi fundamental
para a vitória deste domingo. Os sérvios pularam, gritaram e vaiaram...
Mas em nenhum momento conseguiram abalar a frieza desta Seleção.
O
handebol se junta ao basquete como únicos esportes coletivos femininos
do país a terem conquistado um título mundial. A conquista do basquete
ocorreu em 1994, em um time que era comandado por Hortência e Magic
Paula. Que agora dão lugar para nomes como Alê e "Magic Duda Amorim" -
esta última eleita a jogadora mais valiosa do campeonato.
O JOGO
Fernanda
foi o grande destaque dos minutos iniciais de jogo. A ponta esquerda da
Seleção comandou as ações ofensivas do Brasil nos primeiros minutos.
Quatro dos seis primeiros gols do time nacional foram feitos por ela.
A
barulheira dos fãs sérvios, contudo, atrapalharam a comunicação das
jogadoras. Imediatamente, Soubak parou o jogo, quando o placar marcava 8
a 7 para as adversárias.
Os nervos logo voltaram ao lugar.
Cirúrgico nos tiros de sete metros e apertando ainda mais a marcação, o
time brasileiro conseguiu conter a pivô sérvia Dragana Cvijic, autora de
cinco gols logo nos primeiros minutos de jogo. Com isso, abriu vantagem
de 13 a 11 no intervalo.
A segunda etapa começou do jeito que
todo brasileiro torcida, mas nenhum esperava. Com gols de Deonise e
Duda, duas vezes, a Seleção logo abriu cinco gols de vantagem.
Mas,
rapidamente, o time sérvio se recompôs. O tempo pedido pelo técnico
local reorganizou a equipe e o ataque verde e amarelo parou de
funcionar. Em sete minutos, o Brasil não fez nenhum gol. As sérvias
trouxeram a diferença para apenas um gol: 16 a 15.
Deste momento
em diante, a pressão da torcida sérvia beirou o insuportável. Era
impossível ouvir qualquer pessoa próxima, dentro da Arena Belgrado.
Morten optou por tirar Bárbara e colocar Mayssa no gol.
A opção
mostrou-se válida. A equipe se acalmou e voltou a anotar gols, e Mayssa
passou a demonstrar mais segurança na meta verde e amarela. A central
Ana Paula anotou o gol que trouxe a diferença para dois gols novamente:
19 a 17.
Mas a Sérvia conseguiu empatar o marcador, minutos mais
tarde, com um gol de Lisevic. Dani Piedade, que entrou no lugar de Dara,
colocou novamente o Brasil em vantagem, 20 a 19, a apenas quatro
minutos do fim do duelo. Em tiro de sete metros, Andrea Lekic deixou
tudo igual em 20, com 2m50 no relógio.
O momento-chave do jogo
veio da jogadora mais inesperada: Deborah Hannah, mais nova da Seleção,
com 20 anos, anotou um gol com menos de dois minutos restantes e com o
Brasil com uma jogadora a menos. Vantagem brasileira novamente: 21 a 20.
Com 1m04 restando, Ana Paula sacramentou o título brasileiro:
22-20. Título assegurado. Lugar na história do esporte brasileiro, idem.
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