Enquanto desacreditada, a Ponte colecionou feitos de superação:
despachou o Deportivo Pasto na altitude colombiana, ignorou a tradição
do Vélez Sarsfield em Buenos Aires e passou como quis pelo São Paulo
mesmo sem a força do Moisés Lucarelli. Mas, ao chegar à decisão, a
Macaca se tornou protagonista. Angariou simpatizantes, atraiu atenções e
virou foco. A pressão foi demais para ela.
Em campo, o time fez o que não havia feito até agora: errou. Diante de
uma pressão absurda em La Fortaleza, a Alvinegra de Campinas caiu na
armadilha programada pelo Lanús. Em dois problemas de marcação logo no
primeiro tempo, viu os argentinos conseguirem 2 a 0 no placar e a
vantagem necessária. Daí, foi só esperar o segundo tempo e o título dos
hermanos, que erguem a taça da Copa Sul-Americana pela sexta vez desde
2004. O sonho do primeiro título em 113 anos de história acabou. E da
maneira mais difícil possível.
Quem se deu bem foi o Botafogo.
Se a Ponte fosse campeã, se classificaria para a Libertadores da
América. Com o vice, a última vaga do país na competição foi herdada
pelo time carioca, quarto colocado no Brasileirão.Enquanto argentinos festejam, pontepretanos choram. Assim como em cinco
edições de Campeonato Paulista e uma Série B do Brasileiro, o clube
morre em uma nova final, para desespero dos torcedores, incomodados com a
sina de vice. Quatro mil fanáticos viajaram até a Argentina e, mesmo
com a derrota, não se intimidaram com a aparência de "praça de guerra"
da casa do Lanús, com cercas e arames farpados. De Campinas, outros
milhares assistiram a mais um vice-campeonato sem acreditar. Parecia a
hora da Ponte, mas o primeiro título de expressão vai ter que esperar.
Tão desacreditado quanto à equipe brasileira no início da
Sul-Americana, o Lanús teve de passar por adversários duros. Venceu
Racing na segunda fase, Universidad do Chile nas otiavas, River Plate
nas quartas e Libertad na semifinal. Assim, quebra o jejum de seis
temporadas sem levantar uma taça e ainda se garante na disputa de outras
duas em 2014: a Libertadores da América e a Copa Suruga, contra o
Kashiwa Reysol, no Japão.
A Ponte, por sua vez, viaja ao Brasil nesta quinta-feira de manhã de
volta à dura realidade. Rebaixada na Série B do Brasileiro, a Macaca
inicia nos próximos dias a reformulação do elenco. Destaques do time,
Uendel (que, suspenso, tanta falta fez nesta noite), Baraka e Rildo têm
propostas vantajosas e devem se despedir do Majestoso. Outros têm o
futuro indefinido.
Certo é que, se a derrota abala, a campanha dá força. O time mostrou o
potencial que tem ao chegar à final da Sul-Americana. A torcida também
já se acostumou a feitos maiores e abraçará o elenco neste momento.
Trunfos importantes para a próxima temporada, em que a Alvinegra, com a
mesma força deste segundo semestre, lutará para voltar à elite do
Brasileirão. A fé é a mesma, garantem os fanáticos. A hora da Ponte vai
chegar.
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