O zagueiro Breno foi condenado a três anos e nove meses de prisão por
ter colocado fogo na própria casa, na Alemanha, em setembro do ano
passado. A decisão foi revelada nesta quarta-feira no Tribunal de
Justiça de Munique pela juíza Rozi Datzmann, que considerou ter provas
para considerar que o jogador do Bayern provocou o incêndio de
propósito.
- Peço desculpas por aquela noite. Sou uma pessoa que acredita em Deus e
agradeço a Ele por ter protegido a minha família. Eu sei que tudo é
muito difícil no momento e eu prometi ao tribunal que eu não vou fugir -
disse Breno após ouvir a decisão da juíza. O jogador de 22 anos aparentava estar calmo o tempo todo e
sempre contava com a ajuda de uma intérprete para entender o que era
dito, já que nunca foi fluente em alemão.
Na terça, o médico Aachen Henning Sass afirmou que o zagueiro bebia
regularmente e que no dia do incidente havia ingerido uma garrafa de
uísque, cinco a 10 cervejas e vinho do Porto. Quando ficou detido pela
primeira vez, durante 13 dias, após o ocorrido, Breno recebeu a visita
da legista Jutta Schopfer, que afirmou que o atleta tinha 2,5 ml de
álcool no sangue, no dia do exame, mas que isso não seria motivo para
não se lembrar de nada no dia do ocorrido. O zagueiro não teria
respondido a nenhuma pergunta feita por Jutta e a única coisa que disse
foi que não se lembrava de nada no dia do incêndio. A juíza então
insistiu no assunto e várias perguntas foram feitas para a legista.
Drogas não foram encontradas no sangue do brasileiro.
Em sua defesa, o advogado de Breno, Werner Leitner, afirmou que o
jogador tomou um medicamento chamado "Stilnox", remédio forte para
dormir, que não pode ser misturado com álcool, e por isso não se
lembrava de nada que acontecera naquela noite do incêndio. Esse
medicamento teria sido dado por um médico do Bayern de Munique.
Um diretor esportivo do clube, que esteve presente no tribunal nesta
quarta, afirmou que no clube não há remédios para dormir e que portanto
nenhum medicamento teria sido dado ao jogador. Breno afirmou em seu
depoimento que bebeu demais e fumou alguns cigarros também, por isso
teria entregado três isqueiros para a polícia.
Vizinho critica zagueiro: 'No Brasil, acaba tudo em pizza'
Vizinho de Breno no bairro de Grunwald, onde a casa pegou fogo, Klaus
Popping criticou o jogador e afirmou que o pensamento do zagueiro estava
no Brasil na hora do incidente.
- Ele deve ter achado que estava no Brasil e que nada iria acontecer.
No Brasil, se a pessoa é rica, ela dá dinheiro e consegue tudo. No final
acaba tudo em pizza. Aqui na Alemanha é mais sério e rígido. A justiça
daqui não está levando em consideração que ele é famoso e jogador de
futebol. Mas mesmo assim espero que ele receba apenas dois anos para não
ter a vida destruída – afirmou o vizinho do bairro de Grunwald.
A esposa do jogador, Renata, não compareceu nenhum dia ao julgamento.
Em uma das sessões, a juíza revelou gravações de conversas telefônicas
de Renata com um amigo logo após o incidêndio, quando a brasileira teria
dito que "satanás havia tomado conta do corpo de Breno" na hora do
incidente.
Policiais que chegaram na casa de Breno durante o incêndio afirmaram
que o jogador estava completamente fora de si, que corria pela casa e
que gritava "schaise" ("merda" em alemão). Disse ainda que tudo na sua
vida estava ruim e que a única coisa que conseguiu fazer foi salvar os
cachorros.
Breno, que perdeu tudo no incêndio, inclusive os passaportes de toda a
família, não pôde sair da Alemanha sequer para visitar parentes no
Brasil. Na época do fogo, o zagueiro, a mulher e os filhos chegaram a
ficar sem roupas, sapatos e objetos pessoais. A família foi ajudada pelo
companheiro de clube, o lateral-direito Rafinha, que além de ter dado
roupas, ainda os recebeu em casa logo após o incêndio. O ex-atleta do
Coritiba chegou a afirmar que Breno era um “cara tranquilo até demais” e
disse não entender o que teria acontecido. O zagueiro também teria
ficado em depressão por não estar jogando (por problemas no joelho) e
foi cogitada a hipótese de um incêndio proposital para o jogador receber
o dinheiro do seguro da casa, já que na Alemanha, quando o atleta fica
um tempo sem jogar, ele para de receber salários do clube e passa a
ganhar uma espécie de seguro no valor de € 5 mil, cerca de R$ 12 mil.
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