A final da Copa Sul-Americana entre São Paulo e Tigre entra para a
história como um jogo que não teve fim, mas com um campeão: o Tricolor.
Acusando a Polícia Militar de tê-los ameaçados com armas de fogo no
vestiário, os jogadores do time argentino se recusaram a voltar para o
segundo tempo, e o árbitro chileno Enrique Osses se viu obrigado a
encerrar a partida. O placar marcava 2 a 0 para o Tricolor.
Depois de mais de 30 minutos esperando pela volta do Tigre, a
arbitragem decretou o jogo como encerrado, dando o título ao São Paulo.
Enquanto os jogadores brasileiros comemoravam, dirigentes argentinos
invadiram o gramado para protestar contra a arbitragem. Ainda no campo, o
delegado da Conmebol disse que, com o fim do jogo, o São Paulo foi
declarado vencedor e, consequentemente, campeão. Logo depois, o
presidente da entidade, Nicolas Leoz, entregou as medalhas e o troféu
aos jogadores são-paulinos. Campeão da Sul-Americana, o Tricolor
enfrentará o Corinthians na Recopa, no ano que vem, numa inédita decisão
de torneio internacional entre os dois rivais paulistas.A confusão começou no campo, logo após o fim do primeiro tempo, quando o
atacante Lucas passou pelo lateral-esquerdo Orban oferecendo a ele, de
forma irônica, o chumaço de algodão que estancava o sangramento em sua
narina direita. Lucas havia sido atingido pelo argentino pouco antes.
Não demorou para que jogadores do Tigre cercassem o camisa 7 do São
Paulo. A confusão foi generalizada. Revoltados com a provocação – e,
claro, com a derrota na bola -, os argentinos partiram para cima dos
são-paulinos e por pouco não invadiram o vestiário do time da casa.
Policiais precisaram intervir e, segundo jornalistas argentinos, houve
confronto da PM com os jogadores. O técnico Nestor Gorosito, em
entrevista à ESPN Argentina, acusou os policiais de terem ameaçado seus
jogadores com armas de fogo. Ele chamou os jogadores do São Paulo de
"cagões" e afirmou que "só se garantem com os policiais". Ao canal Fox
Sports, o volante Galmarini afirmou:
- Não queria que terminasse da maneira que terminou. Estou triste por
acabar assim, sendo ameaçado com um cassetete e um revólver.
Lucas, em entrevista à TV Globo, disse não ter provocado ninguém. Ele
lamentou, na verdade, que os argentinos estivessem abusando da violência
em campo.
- Se a equipe deles quer bater, temos de responder na bola - disse Lucas, ainda sem saber da suspensão do jogo.
A primeira partida da decisão entre São Paulo e Tigre, na Bombonera, na
quarta-feira passada, já havia tido confusão. O atacante Luis Fabiano,
do Tricolor, e o zagueiro Donatti, do Tigre, foram expulsos após se
agredirem em campo.
Na terça-feira, mais polêmica: o Tricolor impediu o Tigre de treinar no
Morumbi, sob alegação de que o gramado, castigado após a realização de
um show da cantora Madonna, precisava ser preservado. Os argentinos
tiveram de treinar no Canindé.
Momentos antes do jogo no Morumbi, mais confusão. Os jogadores do Tigre tentaram fazer o aquecimento no gramado, mas foram novamente impedidos, desta vez com truculência, por seguranças do São Paulo.
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