Apesar de declarar o São Paulo campeão da Copa Sul-Americana em seu site
oficial, a Conmebol não descarta punições severas ao clube paulista por
causa da confusão ocorrida nos vestiários do Morumbi no intervalo da
partida desta quarta-feira - a pena pode ser perda de pontos e,
consequentemente, do título. Alegando que a última palavra fica com a
direção da Confederação, o vice-presidente Eugenio Figueredo sequer
referendou a decisão do árbitro chileno Enrique Osses de encerrar a
partida - ele explica que o jogo foi apenas "suspenso".
– O juiz não pode finalizar nenhuma partida, apenas suspender. É a
Confederação que decide. Esperamos os informes da polícia para estudar
as possíveis punições. A última palavra não está dita – disse Figueredo,
em entrevista à rádio uruguaia 1010 AM. Curiosamente, foi o próprio
Figueredo quem disse à TV Globo, no gramado do Morumbi, que, com a
desistência do Tigre, o Tricolor era o campeão.
O regulamento da Copa Sul-Americana tem uma brecha que pode tirar a
taça do São Paulo, mas isso só ocorreria se fosse comprovado que os
tricolores iniciaram a confusão generalizada nos vestiários. Sem
imagens, e apenas com testemunhos, a entidade não tem provas suficientes
para anular a partida.
Para esses casos, a Conmebol usa o regulamento da Taça Libertadores
como base para as outras competições continentais. O artigo 15.1 diz que
se a partida for suspensa por causa da intervenção de espectadores ou
por agressões cometidas contra o árbitro, assistentes ou equipe
visitante, o clube local será castigado com a perda da partida em caso
de culpa comprovada.
Por outro lado, o artigo 15.4 pode prejudicar o Tigre. Como a Conmebol
diz ter garantido a segurança para os jogadores voltarem do intervalo, o
clube argentino pode ser acusado de abandono de jogo. Se isso for
comprovado, o Tigre perde os pontos da partida, pode levar uma multa
pesada e ainda fica eliminado das próximas três competições continentais
para as quais se classificar.
No entanto, a Copa Sul-Americana não deve sair das mãos do São Paulo. O
presidente da Conmebol, Nicolas Leoz, esteve no Morumbi e até entregou a
taça para os tricolores.
Todas essas decisões ficam a cargo do Comitê Executivo da Conmebol,
formado por presidente, vice, e um diretor de cada país. O representante
do Brasil é Marco Polo Del Nero, vice-presidente da CBF.
O São Paulo não teme qualquer sanção em relação à briga entre os
seguranças tricolores e os jogadores do Tigre. Com total convicção de
que foram os argentinos que iniciaram a confusão, o clube paulista
apenas se preocupa com uma possível punição pela invasão de torcedores
no gramado do Morumbi.
– Acredito que a preocupação seja com a invasão de campo. A confusão
não vai trazer qualquer problema a nós, já que não fomos nós que
iniciamos a briga – afirmou José Francisco Manssur, assessor da
presidência do São Paulo.
Como o jogo acabou antes do previsto, o Tricolor não conseguiu
organizar um cordão de seguranças que iria formar 15 minutos antes do
término do duelo. Sem esse isolamento, ficou fácil para os torcedores
pularem pelo fosso e invadirem o gramado. Os dois clubes têm três dias
para relatarem suas versões dos fatos à Conmebol.
Nesta quinta-feira à noite, o site oficial da Confederação
Sul-Americana emitiu uma nota oficial lamentando o ocorrido. O texto faz
um resumo dos acontecimentos, mas é dúbio: explica que o São Paulo foi
declarado campeão depois que o Tigre se recusou a retornar ao gramado.
Em seguida, diz que aguarda a investigação dos incidentes e que vai
punir "exemplarmente" os responsáveis.
Confira a nota oficial:
Investigar para esclarecer os acontecimentos e aplicar sanções
A Confederação Sul-Americana de Futebol lamenta profundamente o
fato acontecido no dia 12 de dezembro, no estádio do Morumbi, na final
da Copa Sul-Americana, um feito que castiga com extrema dureza o
prestígio do futebol continental.
No aspecto esportivo, São Paulo FC e Tigre jogaram uma partida normal, com desdobramentos próprios de uma grande final.
O árbitro da partida, Sr. Enrique Osses, relatou em sua súmula que,
após os 15 minutos de descanso, tentou persuadir por várias
oportunidades a equipe do Tigre a voltar para continuar a partida. Além
do tempo estipulado por regulamento, ele aguardou durante 35 minutos (na
soma, 50 minutos) o retorno ao campo de jogo.
Diante da negativa dos jogadores do Tigre, que alegaram falta de
garantias e agressões, o árbitro decidiu pôr fim à sua espera e aplicou o
regulamento, determinando a conclusão do jogo com o resultado de 2 a 0,
vigente até esse momento, e que significou a consagração do São Paulo
FC como campeão do torneio.
Diante dos fatos, a Conmebol resolveu abrir um sumário informativo e
está empenhada em reunir todos os informes das autoridades da partida e
dos clubes envolvidos, assim como todos os elementos dos fatos
ocorridos, com o propósito de construir com clareza a realidade dos
acontecimentos, a fim de aplicar as sanções que correspondam a cada um.
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