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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Junior Cigano: 'Sinto falta do cinturão e sei que ele sente saudades de mim'

O UFC 155, que aconteceu no dia 29 de dezembro de 2012, representou para muitos o fim de um ciclo. De fato, o reinado de Junior Cigano nos pesos pesados do evento foi interrompido por Cain Velásquez quando o americano o derrotou na decisão dos juízes. Mas, para o brasileiro, naquela dia se iniciou o começo de uma nova vida.
Engatinhando e reaprendendo a caminhar adiante, Cigano falou com exclusividade sobre o momento que vive e a dificuldade de olhar para o futuro sem poder contar com o final de dois relacionamentos importantes na sua vida: aquele que ele tem com sua mulher, Vilsana Picozzi, e aquele que ele tinha com o cinturão do UFC. 
- Estou sentindo muita falta dele. Estava sendo muito especial ser o número um do mundo no meu esporte. Perdi isso e quero de volta logo. Estou sentindo muita saudade do cinturão. Já dormi algumas vezes com ele (risos). Tenho certeza de que ele está sentindo saudade de mim também e está louco para voltar para as minhas mãos. Vou trabalhar duro para fazer isso acontecer - afirmou o ex-campeão, se referindo ao bem inseparável que agora pertence a Velásquez.
Se o cinturão foi tirado das mãs do lutador, o laço entre Cigano e Vilsana, que durou mais de dez anos, foi quebrado por ele mesmo. A decisão foi tomada antes da disputa de cinturão. Apesar de afirmar que ''durante a luta estava com a cabeça voando'' por conta de problemas pessoais, o atleta garante que seu desempenho não foi afetado pela decisão do casal de se separar.
- Realmente não estamos mais casados. Não tem ninguém mais importante do que Vilsana na minha vida. Ela cuida de mim e da minha carreira. E ainda é assim. Eu quero que sempre seja. A gente não está mais casado, pois foi uma opção nossa. Não influenciou nada de cabeça. O problema da luta são coisas que temos na vida, para resolver. Nada sério. Vilsana ainda mora comigo, ela é muito especial para mim. Eu cuido dela e ela cuida de mim - se declarou.

O que aconteceu com você na luta contra o Cain Velásquez?
Fisicamente, estava muito bem. Mas fiquei cansado demais na luta. Não conseguia me defender, fazer nada. Sempre que acabava um round, eu pensava que o próximo seria melhor. Quando começava, era igual. Não conseguia lutar. É inexplicável. Eu não consigo explicar. Assisto a luta e fico com muita raiva de mim mesmo por não reagir a coisas normais na academia. Foi bem complicado. A gente sempre tem problemas. Consigo sempre deixa para fora. Mas dessa vez... Depois da luta, fiz alguns testes. Meu nível de creatina estava elevado. O normal é de 20 a 300. O meu estava 1.400. Acabou resultando numa quebra de músculo. É uma perda de músculo. Isso foi um overtraining (excesso de treinos). Deu nisso. Me senti muito bem ao entrar, mas na hora a cabeça ficava voando. Dórea disse que falava comigo e eu ficava viajando. Eu não estava lá, parece...

Como você recebe as acusações de que ''entregou a luta''?
Eu recebo com muita tristeza. Principalmente pelos comentários virem do Brasil. isso me deixa bem triste. As pessoas tem tendência a serem negativas com os outros. Rebaixar. Acho que eu tento não dar atenção a esse tipo de coisa, esse tipo de gente. É impressionante o quanto eu me senti feliz com a quantidade de pessoas que tem falando comigo nas redes sociais e nas ruas, pessoalmente. Esses dias, uma senhora veio até mim e falou: "Cigano, eu quero te dar um beijo e um abraço. Eu sou muito sua fã". Na hora eu disse: "Nossa, que surpresa boa". Ela virou e falou: "Espero não estar incomodando". Eu ri: "Incomodando como? Você está me jogando para cima. Me fortalecendo. Obrigado". Então, estou vendo quanto carinho os outros tem por mim também.

Como foram os dias depois da luta?
Foram complicados. Fiquei mais em casa. Até por estar ainda inchado da luta e também estava muito triste com o resultado. Não por ter perdido. Cain teve o mértito dele, fez o trabalho muito bem feito. Minha tristeza foi da minha falta de atitude. Não era eu lutando ali. Não mostrei nada do que normalmente eu faço. Só segui e tentei me defender. Fiquei muito triste com o resultado. Mas agora as coisas vão passando e depois que cheguei em casa pude pensar melhor e transformar minha tristeza em vontade de vitória de novo. 

Qual o aprendizado que você leva com essa derrota?
Aprendi muito e ainda estou aprendendo. Cada vez nos aprofundamos mais nas lições. Não só como profissional, mas também como pessoa. Acho que muita coisa terei de cuidar e ser mais profissional no meu treinamento e cuidar de uma forma melhor. Precisamos de um acompanhamento melhor de profissionais. Médico, técnico, nutricionista. Estou abrindo mais os olhos para cuidar de mim mesmo como lutador.

Quando veremos você lutando novamente?
Estou esperando os resultados de alguns exames que eu fiz para voltar logo a treinar. Só para ver se está tudo bem. Estou esperando o resultado e o aval do médico. Já falei com o pessoal do UFC que eu quero superar essa situação, mostrar quem eu sou. Quero ir para a revanche contra o Velásquez independente de cinturão. Ganhei uma, ele ganhou a outra, então nada mais justo do que ter a terceira. Claro que talvez tenha de fazer algumas lutas antes, mas estou aqui para isso mesmo.

Qual a mensagem você gostaria de deixar para os fãs que sofreram com a sua luta?
Vemos frases de motivação o tempo todo. Viver a situação como estou vivendo tem um sabor muito amargo. Estou aprendendo. A minha vida foi feita disso. De superação e sempre acreditar num futuro melhor. Meu futuro será melhor ainda do que agora. Vou aprender mais e me dedicar cada vez mais. Não só para honrar a torcida das pessoas, mas para fazerem eles orgulhosos por acreditarem em mim. Darei a volta por cima. Farei de tudo para não deixar ninguém nunca mais sofrer.

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